sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Solidão Contemporânea

Bento pensou.
Ele pensou:


“Cadê a corda?
A Roldana?
E o banquinho para apoiar meu Serafim?”

O menino sonhou.
O menino sequer soube desejar algo ruim.

Pai!
Afaste este litro de cachaça de mim.

Sangra
Joga.
Amortalha os sentimentos em saias de Alecrim

Pai! Dose. Única.
Ignomínia.
Mentira.

E na esquina a Prostituta ranzinza abençoa em latim.
E no beco o cheiro de Crises vem de vestidos azuis de cetim.

E Ontem almocei goladas de Aipim
Hoje tenho em mente
Cacos de vidro em mim.

A mãe percebera o desastre.
E no escuro silencioso
Deixou dançar um grito escandaloso.
Inumano.Chegou ao quarto ofegante.
No corpo do menino Derramou lágrimas vermelhas.

Choradas. Matadas.
Bento!
Suor em Bento.
O corpo de Bento.
No maldito Corpo bento.

E a mãe sorriu.
Pela primeira vez o menino Parecia um Pêndulo.


Marks William