sexta-feira, 6 de junho de 2008

Incompreensão


A vi sentada com sua saia cheia de fibras;
recortes de jornais em cada linha;
trançados de larvas mastigadas.
A vi beber absinto,
alecrim
um caldo de camomila escura [...]
Outras Senhoras bebiam e diziam a farsa daquela ladainha.
Cafetina!

“Elas viam o pecado sagrado embaixo dos vestidos rosados”.

Dormi!
Sempre busquei no olhar das pessoas aquele restinho de café, aquele cheiro de bitucas de cigarros que me deixava com a alma fria.
Eu vi no olhar daquela mulher a tristeza profunda, o grito silenciado e a felicidade resguardada.

Fui noiva sem vestido.
Fui Virgem sem amado.
Fui fuga dos sonhos que se perderam em ruas fúteis cheia de partes femininas> Partes “íntimas” de Mulheres vendidas e caladas.
Eram senhoras com nomes iguais> Todas se chamavam Aparecida. [...]

Fui borboleta.
O Azul da idéia.
O negro da raça.
Fui menina. Mulher e simpatia.

Fui o diabo rosa;
De salto alto
de vestido vermelho,
batom espesso e pés alados.


Então eu previ:

"A vida é uma sugestiva precisão de abraços mortíferos;
de feras aladas que ressuscitaram dos mitos guardados;
por velhos mesquinhos que se consideravam amaldiçoados".

Um comentário:

K. R. Araujo disse...

Medo,
medo,
medo,
não oque me faz correr, fugir,
Medo que me aproxima e me deixa curiosa.
Arrisco dizer que tanta dor, é disfarce. Do quê?
Não sei.

[Aplausos]