segunda-feira, 25 de maio de 2009

23 h 48

Eu quero desistir de mim.
Olhei os sapatos e estavam sem cadarços.
Sem cadarços
Sem cadarços
Sem cadarços
Eu desisto nos instantes que nunca vivi.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Antonia.

Cravada
A pobre, infeliz criatura odiava
O vestido xadrez, sem dúvida, não existia
Tolice! Antonia vacilava como tolos cheios
De espinhas. Aquele ódio custou-lhe
Amor Próprio?
Amar entre os desejos e cheiros custou
Alguma ponta de lápis.
Cravei entalado na escrita meu desejo
Por beijos que dentro da pobreza
[Sugeria mulheres gordas cheirando
Gorduras dos ralos de pias]

sábado, 9 de maio de 2009

"Calda"

“Completara...
dezoito anos numa tarde de poucos caras
que saboreavam o licor das moças
de pernas abertas para a virgindade
se partir em dois pedaços
de saias raras”.

[...] é do jeito que o diabo gosta.

Marks William

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Clichê.

Disseram isso da minha arte em poucas maldades,
isso fora dito num dia de pouca sacanagem
sequer imaginei o tiro de imagens
que o beco pudesse reproduzir com tamanha deformidade
o leve perfume da madrugada me grita
a bebida se transforma em amiga
sem compreender a saudade.
e hoje, uma única vez, desejei meu tablete de chocolate.


Falo: O gás do fogão, realmente, parece tão saudável [...]

terça-feira, 5 de maio de 2009

escorro.

Tempero doce.
Mastigo a cicatriz de meu pulso
alimento-me de curas.
alimento-me de saias retorcidas
alimento – me de pêlos úmidos.
sinto o seio
os beijos
a marca dos selos.

Tempero doce.
oral. Silenciado.
tabaco. Gemidos.
Fumei suas pernas.
Adentrei.
alisei.
Gozei.
enlouqueci embaixo do vestido desbotado.

Alimentei de sua cicatriz
Bem entre. Dentro. Saboroso.
de sua mente
daquelas pernas palpáveis
daquela senhorita de beijos falsos
pagos por cigarros mentolados.

Tempero amargo.
E no fim do ambiente, calou-se.
atirei meu branco em sua boca
nascera um filho condenado.
nascera o poeta modificado
morrera o infeliz com gilete nos lábios.

Sem graça o coração apertou.
A mocinha sem enredo,
num canto escuro do quarto
Menstruava de solidão.

Nada de Prolixidade.

Meu jeans não teve momentos de eterna alegria.

O zíper abrira momentaneamente unicamente para atingir os cabelos suaves de Gabriele que por aqueles dias diria que minha gramática tinha gosto de camomila.

A prostituta em outra vida não diria sequer uma palavra de agrado, a terra do “Morenismo” diria mentiras fortes de minha vida, outrora de poeta mentolado de Yolandas vagas, fúteis, vaidosas.
O copo de tédio adentrou a boca, aliviou-se em beijos nada mundanos, pensaria mais tarde que o zíper se abriria mais fiel aquela rima de gramáticas imperfeitas. O caldo branco descera no canto dos lábios, ela sentira a poesia e a tristeza vinda diante pernas tão magras e longas, e naquele ambiente de cafeína e diários implicantes decidiu me postar em ambientes de fluxos bem mais conscientes.

Copo quebrado!

Cálice afagado entre os dedos sensíveis de alguma Andréia de vestidos amarrotados. O beijo? Suspirei a falta de cada cigarro em meu ventre de desilusão. Melena de minha velhice amarga por saber que Gabriele não me teria em comprimidos delineados.

Ela sequer entenderia meu lápis em diários calados. Sentenciados por uma filosofia anulada. Eu bem deixei meus pares de sapatos nas ruas amarelas da cultura do “Morenismo”, no entanto o que mais sinto saudades é da prostituta poética que desferiu em mim tamanha sacanagem de labirintos e cheiros de tabacos.