domingo, 4 de outubro de 2009

Pensei

E não temo o velhinho com flores na mão...temerei a criança com a jovialidade cuspindo em minha cara
preferiria o asilo a conviver ao lado de uma maternidade
todos envelhecem, menos a amizade e o amor...temerei o tempo que me rasga, mas não temerei os instantes que vivi dentro do templo de poemas e palavras faceiras - tudo tão esfuziante!

domingo, 30 de agosto de 2009

Diário - 1997

há a porta... nada mais!

Preparei o café, a manteiga e o pão caseiro.
Além da porta há o vazio.
há o vazio além daquela porta.
além da porta há o vazio de douradas faces
cortadas, fatiadas, pequenos traços de uma pobre escrita.

Na dura vida que percorri, aprendi o sabor cruel da vida adulta.

Além daquela porta há apenas o vazio de meus pensamentos e mais nada.

sábado, 15 de agosto de 2009

00 h 41

faço guerra\ de sentimentos

calmo me sento; lá fora as prostitutas me dão náuseas, o cigarro se apaga e sei que ao final da noite meu desejo de sexo se fechará entre a fronteira da loucura e a porcelana do vaso sanitário.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Guardanapo// 20 de julho

  • e perdemos o tempo/ a razão dos fatos e por fim somos felizes numa incompreensão de Virginia.

"Acima de mim o chapéu. Nos lábios o cigarro mentolado. No bolso a fotografia da donzela. No zíper as manchas de uma noite de absurdos sonhos".

E temo o ônibus das 21 h 00. Temerei a estrada, não quero que algum caminhão descontrolado parta meus sonhos rumo à cidade que desejo me prender pra sempre [...] Ontem eu tinha cicatrizes, hoje quero apenas sorrir um passado vazio e sem graça/ Se for pra morrer que eu morra calado em beijos cheio de inimizades e que esses beijos me amem a ponto de me eternizar. Por hoje não fumarei meu cigarro!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Licinha!

Cinco horas da manhã e distante da varanda, Alice, arredia, muito triste não cantava. Olharia os pés vermelhos/ inchados/ cansados; mastigava tabaco; dentro da cozinha se definharia - engolira anfetaminas - alisaria o cigarro e comeria nicotina.
Cinco horas da manhã. Café preto! Alice tomava incomodada com a máscara. Cachaça descia. O cigarro entre os dedos estavam calados como as xícaras abafadas. Ela era arredia, simplesmente alisava o cigarro [...] Queria, mas tinha vergonha de ter amigos; a vontade dela era de fumar maconha antes do corte seco... Mais um pouco de café preto e o sol nascia.

[...]

"Desconhece-se a máscara, admite-se o homem por trás dela, por fim o ama e agrada-o com presentes/ a lembrança sofre pressões de meu lápis irreverente, o cheiro do cachorro submete-se a penetrar em minha roupa e a amada a quem me conhece como mascarado desdenha minha escrita num tabaco de camomila." eu realmente amei Mariana.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

[...]


"Quero - a de mãos dadas comigo... de beijos entrelaçados na esquina; quero a mistura de perfumes e a quentura embaixo do edredom/ quero somente um pouco de mim e mais nada - Cadê Mariana pra enxugar minhas lágrimas?"

Diário: 9 de dezembro - 20 h 00

  • Temo o ambiente - Talita me persegue - temo seu vestido lilás.
    Ontem caminhei pelas ruas - ratos atravessaram meu caminho como se eu não os pudesse vê-los (Hoje é dia de temer até a sombra que me acompanha). Encontrei o esgoto aberto/ a cidade se afoga em pornografia e viciadinhas em craque. “O fim se aproxima aos velhos que usam sapatilhas na esquina – Boa hora pra acender meu cigarro e acessar-me numa liberdade fora do inferno.”

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Diário: 08 de dezembro - 20 h 00

  • "Talita pertencia ao meu café. Ontem ela saiu sem salivar meus cigarros; adentrou com um vestido lilás, vi os seios, as pernas, mas não vi a alma. Se eu tivesse fé rezaria em cima de seu cadáver. O canalha a comeu, a lambeu, a jogou na perdição dos becos sujos/ seu vestido ainda entope o bueiro, no entanto o perfume rosa chegara até mim como se fosse novidade".

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Arquejo! Meu selo...


Gabriele era carente.

Amarga de medidas
permanentes.

Almejo
os dias que, outrora,
choviam simples desejos


Conheço seus preciosos

Beijos!
Gotejados em noites de pouca fibra
almocei a ladainha de quinta
e era sexta feira
quando os festejos adormeceram
em meus seios.



Marks William

segunda-feira, 25 de maio de 2009

23 h 48

Eu quero desistir de mim.
Olhei os sapatos e estavam sem cadarços.
Sem cadarços
Sem cadarços
Sem cadarços
Eu desisto nos instantes que nunca vivi.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Antonia.

Cravada
A pobre, infeliz criatura odiava
O vestido xadrez, sem dúvida, não existia
Tolice! Antonia vacilava como tolos cheios
De espinhas. Aquele ódio custou-lhe
Amor Próprio?
Amar entre os desejos e cheiros custou
Alguma ponta de lápis.
Cravei entalado na escrita meu desejo
Por beijos que dentro da pobreza
[Sugeria mulheres gordas cheirando
Gorduras dos ralos de pias]

sábado, 9 de maio de 2009

"Calda"

“Completara...
dezoito anos numa tarde de poucos caras
que saboreavam o licor das moças
de pernas abertas para a virgindade
se partir em dois pedaços
de saias raras”.

[...] é do jeito que o diabo gosta.

Marks William

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Clichê.

Disseram isso da minha arte em poucas maldades,
isso fora dito num dia de pouca sacanagem
sequer imaginei o tiro de imagens
que o beco pudesse reproduzir com tamanha deformidade
o leve perfume da madrugada me grita
a bebida se transforma em amiga
sem compreender a saudade.
e hoje, uma única vez, desejei meu tablete de chocolate.


Falo: O gás do fogão, realmente, parece tão saudável [...]

terça-feira, 5 de maio de 2009

escorro.

Tempero doce.
Mastigo a cicatriz de meu pulso
alimento-me de curas.
alimento-me de saias retorcidas
alimento – me de pêlos úmidos.
sinto o seio
os beijos
a marca dos selos.

Tempero doce.
oral. Silenciado.
tabaco. Gemidos.
Fumei suas pernas.
Adentrei.
alisei.
Gozei.
enlouqueci embaixo do vestido desbotado.

Alimentei de sua cicatriz
Bem entre. Dentro. Saboroso.
de sua mente
daquelas pernas palpáveis
daquela senhorita de beijos falsos
pagos por cigarros mentolados.

Tempero amargo.
E no fim do ambiente, calou-se.
atirei meu branco em sua boca
nascera um filho condenado.
nascera o poeta modificado
morrera o infeliz com gilete nos lábios.

Sem graça o coração apertou.
A mocinha sem enredo,
num canto escuro do quarto
Menstruava de solidão.

Nada de Prolixidade.

Meu jeans não teve momentos de eterna alegria.

O zíper abrira momentaneamente unicamente para atingir os cabelos suaves de Gabriele que por aqueles dias diria que minha gramática tinha gosto de camomila.

A prostituta em outra vida não diria sequer uma palavra de agrado, a terra do “Morenismo” diria mentiras fortes de minha vida, outrora de poeta mentolado de Yolandas vagas, fúteis, vaidosas.
O copo de tédio adentrou a boca, aliviou-se em beijos nada mundanos, pensaria mais tarde que o zíper se abriria mais fiel aquela rima de gramáticas imperfeitas. O caldo branco descera no canto dos lábios, ela sentira a poesia e a tristeza vinda diante pernas tão magras e longas, e naquele ambiente de cafeína e diários implicantes decidiu me postar em ambientes de fluxos bem mais conscientes.

Copo quebrado!

Cálice afagado entre os dedos sensíveis de alguma Andréia de vestidos amarrotados. O beijo? Suspirei a falta de cada cigarro em meu ventre de desilusão. Melena de minha velhice amarga por saber que Gabriele não me teria em comprimidos delineados.

Ela sequer entenderia meu lápis em diários calados. Sentenciados por uma filosofia anulada. Eu bem deixei meus pares de sapatos nas ruas amarelas da cultura do “Morenismo”, no entanto o que mais sinto saudades é da prostituta poética que desferiu em mim tamanha sacanagem de labirintos e cheiros de tabacos.