quinta-feira, 12 de abril de 2012

Messalina (...)

“Trágico o dia que não há sequer uma ponta de alegria esfumaçando sobre os lábios”.

A personagem se desnuda no silêncio das angustias. Virginia abriu as vidraças e deixou o ar mergulhar nos pulmões. Que fresco! Ela estava ansiosa, mas não era desejo que sentia, era unicamente o vento, suave, quase solene. O velho sisudo, marcas fortes de navalha no rosto, ajeitou-a, aconchegou – se no vão do vestido e penetrou. Condição humana: Magnitude e pequenez – dois rios que seguem uma mesma rota deslumbrante.

O dinheiro perdeu o valor na cintura.

Suspirou! O que era? Uma simples lembrança.

Deixou-se voar, os pensamentos a consumia; quietou-se naquele espaço a olhar o céu escuro e estrelado, ela esperava o telegrama de algum desconhecido, talvez algum homem de bom agrado, e naquelas horas, ainda de madrugada, veria no próprio olhar a inocência de uma menina com bonecas de porcelana no colo. As lembranças fariam milhões de burburinhos – não havia crise, nem tentativas de suicídio; aquele mundo, unicamente aquele pedacinho de vida a desejava – estava iluminada pelos estranhos transeuntes que buscavam caridade pelo beco.


As ruas despejavam seios, ofereciam todo atrativo de uma cidade amarga e suja, as ruas me chamavam, queriam-me para pagar o preço da sujeira. Tudo em perigo constante, até em dias de cereais e café com leite desnatado – Ela desejava a noite anterior, o desejo de se encontrar novamente lambuzada numa sacanagem seca e ardida
... livro e cigarrinho: o essencial para aquela noite. Balbuciou! Era ainda uma criança na terra barrenta. (Todos os sentimentos são tolos e imaturos, um meio inocente de Deus nos mostrar a fragilidade da alma).

A vida se assemelhava a um filme pornô, uma mera novela repetida às cinco da tarde. Nenhum livro ousaria liquidificar o enredo. Gargalo! Copo de absinto bem fresco. Eu enfrentei o diabo e suas cicatrizes noturnas e daí para frente o gosto de pagar pelas pernas da negra e não lambê-las.


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