O dinheiro perdeu o valor na cintura.
Suspirou! O que era? Uma simples lembrança.
Deixou-se voar, os pensamentos a consumia; quietou-se naquele espaço a olhar o céu escuro e estrelado, ela esperava o telegrama de algum desconhecido, talvez algum homem de bom agrado, e naquelas horas, ainda de madrugada, veria no próprio olhar a inocência de uma menina com bonecas de porcelana no colo. As lembranças fariam milhões de burburinhos – não havia crise, nem tentativas de suicídio; aquele mundo, unicamente aquele pedacinho de vida a desejava – estava iluminada pelos estranhos transeuntes que buscavam caridade pelo beco.
As ruas despejavam seios, ofereciam todo atrativo de uma cidade amarga e suja, as ruas me chamavam, queriam-me para pagar o preço da sujeira. Tudo em perigo constante, até em dias de cereais e café com leite desnatado – Ela desejava a noite anterior, o desejo de se encontrar novamente lambuzada numa sacanagem seca e ardida... livro e cigarrinho: o essencial para aquela noite. Balbuciou! Era ainda uma criança na terra barrenta. (Todos os sentimentos são tolos e imaturos, um meio inocente de Deus nos mostrar a fragilidade da alma).
A vida se assemelhava a um filme pornô, uma mera novela repetida às cinco da tarde. Nenhum livro ousaria liquidificar o enredo. Gargalo! Copo de absinto bem fresco. Eu enfrentei o diabo e suas cicatrizes noturnas e daí para frente o gosto de pagar pelas pernas da negra e não lambê-las.

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