sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Solidão Contemporânea
Ele pensou:
“Cadê a corda?
A Roldana?
E o banquinho para apoiar meu Serafim?”
O menino sonhou.
O menino sequer soube desejar algo ruim.
Pai!
Afaste este litro de cachaça de mim.
Sangra
Joga.
Amortalha os sentimentos em saias de Alecrim
Pai! Dose. Única.
Ignomínia.
Mentira.
E na esquina a Prostituta ranzinza abençoa em latim.
E no beco o cheiro de Crises vem de vestidos azuis de cetim.
E Ontem almocei goladas de Aipim
Hoje tenho em mente
Cacos de vidro em mim.
A mãe percebera o desastre.
E no escuro silencioso
Deixou dançar um grito escandaloso.
Inumano.Chegou ao quarto ofegante.
No corpo do menino Derramou lágrimas vermelhas.
Choradas. Matadas.
Bento!
Suor em Bento.
O corpo de Bento.
No maldito Corpo bento.
E a mãe sorriu.
Pela primeira vez o menino Parecia um Pêndulo.
Marks William
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
De Viviane Mosé
o tempo andou riscando meu rostocom uma navalha fina
sem raiva nem rancoro tempo riscou meu rosto
com calma (eu parei de lutar contra o tempoando exercendo instantes
acho que ganhei presença)
acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.acho que a vida anda.
a vida anda em mim.acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim e por falar em sexo quem anda me comendo é o tempo
na verdade já faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás
um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos
acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando"
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Carta de Virginia Woolf
Não creio que duas pessoas pudessem ser mais felizes até chegar esta doença terrível. Não consigo mais lutar. Sei que estou estragando a sua vida e que sem mim você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Está vendo, nem consigo mais escrever adequadamente.
Não consigo ler. O que quero dizer é que devo a você toda a felicidade da minha vida. Você foi absolutamente paciente comigo e incrivelmente bom. Quero dizer isso — e todo mundo sabe. Se alguém pudesse me salvar, teria sido você.
Perdi tudo, menos a certeza da sua bondade. Não posso mais continuar estragando sua vida.Não creio que duas pessoas tenham sido mais felizes do que nós fomos.
.
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Virginia Woolf
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Incompreensão
A vi sentada com sua saia cheia de fibras;
recortes de jornais em cada linha;
trançados de larvas mastigadas.
A vi beber absinto,
alecrim
um caldo de camomila escura [...]
Outras Senhoras bebiam e diziam a farsa daquela ladainha.
Cafetina!
“Elas viam o pecado sagrado embaixo dos vestidos rosados”.
Dormi!
Sempre busquei no olhar das pessoas aquele restinho de café, aquele cheiro de bitucas de cigarros que me deixava com a alma fria.
Eu vi no olhar daquela mulher a tristeza profunda, o grito silenciado e a felicidade resguardada.
Fui noiva sem vestido.
Fui Virgem sem amado.
Fui fuga dos sonhos que se perderam em ruas fúteis cheia de partes femininas> Partes “íntimas” de Mulheres vendidas e caladas.
Eram senhoras com nomes iguais> Todas se chamavam Aparecida. [...]
Fui borboleta.
O Azul da idéia.
O negro da raça.
Fui menina. Mulher e simpatia.
Fui o diabo rosa;
De salto alto
de vestido vermelho,
batom espesso e pés alados.
Então eu previ:
"A vida é uma sugestiva precisão de abraços mortíferos;
de feras aladas que ressuscitaram dos mitos guardados;
por velhos mesquinhos que se consideravam amaldiçoados".
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Asas suicidas
Nós a vimos, começamos a sentir. Houve sinais. E então choveu.
Choveu corpos. Choveu poetas.
[...] Em cada rosto ensangüentado um leve sorriso.
Os corpos quebrados nas calçadas sorriam.
Apenas um homem não sorriu naquele momento.
Pois ao saltar criou asas e por cima da neblina soube voar.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Alma Negra.
Um anjo que me fizesse um "Bem" negro.
Um anjo que ouvisse as minhas preces negras.
Que me seguisse por caminhos negros.
Um protetor com armaduras negras.
Com as mãos fecundadas de bênçãos Negras.
Eu sou Negro. Quero coisas de pessoas negras.
Vestiram-me de branco na Igreja.
"Não faça isso seu padre. A Criança é Negra.
E a Graça não é branca.
Crianças negras têm o direito de terem um Deus negro”.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Bailar das Palavras Negras.
Os dedos deixam marcas. A nicotina aprofunda nas fibras.
As mãos trêmulas tentam acompanhar as palavras.
Soltas.
Soltas nas entrelinhas de um caderno amassado.
Pano Rasgado.
Sem forma.
Tenho que mastigar a vida ao sabor de vinho "vinagrado".
Encontro o eu - poeta em passo peculiar, inofensivo.
Encontrei o invisível além das coisas visíveis. Encontrei o bailar.
Amei as curvas. A silhueta no escuro. Amei os rabiscos na folha.
E eu só queria beber intensamente sem nenhuma dor.
O escuro é um mito.
O poeta.
A Fumaça.
Estresse.
Cacos e Comprimidos.
Insônia.
Manicômio.
Tenho que fugir.
Amei o cheiro da arte.
Amei o corte, os cabelos molhados.
Amei a bailarina quase adormecida.
Pés frágeis. Pés de porcelana.
A vi dentro da caixinha dourada. Ela pensa. Cria. A bailarina tem sentimentos de nostalgia.
Ela chora o fim do espetáculo. Ela voltará para o escuro. Longe da vista do "eu" amado.
Vidros. Cacos. Pulsos. Cacos. Sangue. Cigarros.
Tenho preguiça. Fraqueza. Pobreza.
A minha saia era distorcida. Fraca. Pano enferrujado.
Meu corpo, por outro lado, é incorruptível. Porém estou emparedado em relevos desenhados.
O movimento do rabisco cortou. Pulsos. Cacos. Fogo. Forca na encruzilhada.
quarta-feira, 19 de março de 2008
Infância.
Distância é algo natural, tão desvinculado com meu lado inumano,
Distante de minha infância enigmática e fraca.
Trabalhei aos meus oito anos de idade. [sacanagem]
Compreenderia... Adorar pretéritos sempre foi algo de minha concepção de escrita.
Estive triste por anos e somente agora aprendi a sorrir e quem sabe daqui alguns anos eu aprenda a gargalhar...
Não compreendo o sorriso amargo do Senhor que assistiu ao melhor palhaço voador... Circo. Estive lá com pipoca na mão. Sorrisos ao vento. Estridente.
Palhaços de tapas, cotoveladas. O humor sempre percorreu minhas vértebras deslocadas.
Já disse: "Amo pretérito". Quem sabe um dia ame um futuro mais avassalador e sorridente.
.
.Marks William
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Minha dança [...]
Lá do alto perguntaram: De quem é?
Preto Velho não prestou atenção
o samba não possuía o riscar,
vi o garoto lá de cima gritar: Saravá! Saravá! Saravá?
E assim falou Zaratustra: "QUÉ FUMÁ?"
Zé Pelintra entrou na roda.
No batuque do Candomblé.
Vi pipoca ser mordida, e Pomba Gira saltar sem fé.
A faca riscou! Riscou e não cortou.
A faca deslizou no preto velho Zé!
Lá do alto ouvi dizer de quem é?
O Câncer na ladrilha era promessa de São Tomé
Bebeu! Comeu! Morreu!
O Câncer não escolhe suas vitimas, não tem pena, Ele é a esperança dos suicidas [...] Felizes Suicidas!
Marks William
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Minha Música! Pensamentos
O amor que se aproxima é distante, já que os amigos dispersam a loucura do primeiro beijo.
É ela. Hoje não a vejo mais. Distante com seus amigos quase eternos, com seus beijos distantes e provocantes. Prefiro vê-la longe, Prefiro sofrer ao tê-la. Assim. Afim!
Que pena! O beijo do palhaço não desenhou nenhuma fumaça de pinga!
Existiam sim toques obscenos, se conseguisse ver, veria até a pequena criança com malicia no pé.
Contornei o umbigo, deslizei a mão em sentido de dúvida e desacreditei quando me enxerguei com rosas nos dedos.
Era Mariana com sua pá para me enterrar definitivamente de seus romances em sambas.
sábado, 2 de fevereiro de 2008
Mal
Com letras quebradas vazei o clichê da vida e
por um milagre tudo virou maldição da escrita.
Espirra! Ele morria sem rima.
Na cozinha o liquidificador nada poético ensurdecia.
Raios!
Na cama era o velho disperso, com gemidos sufocados,
Na cama já não havia mais poesia, eram os trinta anos de cocaína,
Que matava a alma do artista [...]
O velho morria com o passar da Quimioterapia.
Vermelhos... Azuis... Pretos... Comprimidos azedos [...]
(Então se fez)
Havia uma cadela! Pequena e humilde,
Era a alegria do homem, ele sorria as brincadeiras falsas da cretina
Vi lágrimas descerem quando fiz do animalzinho uma vitamina no maldito liquidificador sem rima.
Marks William
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Vida na escrita [...]
A poesia hoje é somente ouvida, mas nunca lida;
por letras caligráficas rabiscadas de ladainhas.
A poesia já não existe mais na fantasia
é caderno, é a fatalidade da vida.
Imaginação não tem gosto, não tem cheiro,
Tem apenas a amargura da novela de quinta.
Não deixem apenas o samba acabar.
Não deixem a poesia escrita em papel
de guardanapo se esfarelar.
A poesia não é repetida,
Não é apenas lida
A poesia é sentida pelas mãos de um velho artista.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Intervalo
Hoje!
Aniversário dos carrascos.
Parabéns aos maus-tratos!
Fui xingado!
Por homens Macabros.
Hilários.
Divertidos!
Sarcásticos.
As horas contam palmas, palmas, palmas.
Os anos passam longe, tão longe, longe.
Vi os cabelos do poeta se perderem no outono
Junto às folhas dispersas do campo. Era velho! "Hermético”.
Os braços se alojaram na gravidade; suspensos às 6: 30 da noite.
O poeta no alcance, sem gritos, sem liberdade. Mendigado à idade.
Gritante!
"Maldito o dia que nasci! Que o ventre de minha fosse meu túmulo" Jeremias
Marks William - Aniversário: 25 de janeiro - Dia em que Virginia Woolf Nasceu
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Crica.
Tapa na cara.
Xingamento compulsivo de ataques epiléticos
Melodia minha. Sol! Fá! Ré!
A substancia nunca foi química.
Medo? De perdê-la inteira, primeiro os braços, os olhos e os dedos. hahaha
Sem exagero!
Canibalismo!Como assim? Não sei...
É a loucura das palavras para descrevê-la. Lê-la. Tê-la.
Entre meus braços o suor de seus carinhos quase eternos, pertos, SÉRIOS!
Bate. Bate. Ama. Lixa! Lixadores de amores... [Gargalhada – MATA]
Marks William
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Alma!
Por baixo dos panos um restinho de festejo.
Uma brincadeira dos deuses.
Uma mera “pegada” cheia de beijos.
Sorri o sangrar!
Matar!
Adoentar!
A brincadeira se estendeu,
O velho na cama com poucos dentes.
Vi matar a fé,
O desejo,
A mente.
Queria vê-lo jovem uma única vez. Com copos de pinga na mão e o cheiro de cocaína no chão. Queria vê-lo esperto. Alegre.
[...]
Com sua batida apimentada de saravá de sábado à noite.
O velho morreria,
Mas comprei sua alma por uma “mixaria” de vida
vendi a minha ao demônio em troca de sua mentira! O velho viveu, “porém” eu morri (sem minha alma de poeta em fria.)
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Marcas!
Alimentado pelas crenças de uma mendiga.
Letras... Palavras [...] Rabiscos! Desgaste!
Chuta...
Carne preta...
Cara... Fresca...
Foi loucura por baixo da saia que o poeta encontrou a malicia feminina.
O Barulho do relógio com suas batidas [...]
TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC TIC TAC
Encontrado perdido, esquecido no devaneio de mil lápis crespos.
Não foi Clarice, Cecília e nem Virginia,
Foi maldição de um poeta descrente com a vida.
Rima pobre. Substantivo. Risco. Adjetivo.
Não passou pela mente uma métrica rica.
Ódio da gramática entre a cortina, não foi apenas café.
Foi mão que lava mão na crista de uma mendiga!
